Relatividade Do Movimento 2
A relatividade do movimento, ou seja, a observação do movimento de um corpo em relação a um outro (parado ou em movimento), também conhecida como composição de velocidades, foi inicialmente discutida pelos matemáticos ingleses Leonard Digges (c.1520-c.1559) e seu filho Thomas Digges (c.1546-c.1595). Com efeito, no livro intitulado Prognostication of Right Good Effect (“Prognóstico de Efeito Verdadeiramente Correto”) escrito por Leonard, em 1555, e em sua nova edição, agora com o título Prognostication Everlasting (“Prognóstico Eterno”), preparada por Thomas, em 1576, há a afirmação de que se uma pessoa se colocasse no extremo do mastro de um navio e jogasse um corpo no pé desse mastro ou para um ponto qualquer do tombadilho do navio, tal corpo seguiria uma trajetória reta na direção do alvo escolhido, qualquer que fosse a velocidade constante do navio. Contudo, parece que os Digges não realizaram nenhuma experiência desse tipo e sim, a tomaram como uma verdade evidente em si própria. [Alexandre Koyré, Estudos de História do Pensamento Científico Forense-Universitária/EDUnB, 1982); Colin A. Ronan, História Ilustrada da Ciência III (Jorge Zahar Editor, 1987)].
O filósofo e astrônomo italiano Giordano Bruno (1548-1600) se preocupou em descrever o movimento relativo de corpos ao propor experiências que poderiam ser realizadas a bordo de um navio em movimento. Assim, além de repetir a afirmação dos Digges, vista acima, ele propôs um novo tipo de experiência. Sejam duas pessoas, admitiu Giordano Bruno, uma no navio e a outra na margem de um rio. Então, quando estiverem uma defronte da outra, deixam cair uma pedra da mesma altura, e em queda livre. Cada pessoa, em particular, verá cair sua pedra ao pé da vertical, numa trajetória retilínea. No entanto, a trajetória descrita pela pedra lançada por uma dessas pessoas, vista pela outra, será uma curva. Por exemplo, a pessoa do navio verá a pedra lançada pela que está na