Relat Rio1
Resenha dos fragmentos das cartas de Francisco de Vitoria ao padre Fray Bernardino de Vique e ao Padre Arcos
Parte I – A carta para Pe. Fray Bernardino de Vique e desconstrução de denúncias de injustiça
Na carta para o padre Fray Bernardino de Vique, que parece ser uma resposta à uma carta anterior, Francisco de Vitoria começa afirmando o que provavelmente foi proposto anteriormente pelo Padre Bernardino de Vique: que quem observasse as terras portuguesas veria enormes enfermidades, danos, injustiças. Os próximos parágrafos da carta serão organizados de modo a desconstruir esta impressão (a de que os escravos portugueses estão sendo vítimas de enormes injustiças).
O terceiro parágrafo se constitui apenas de negativas não justificadas. O autor afirma não acreditar que seja dado um tratamento tão desumano aos escravos, se nega a acreditar que o rei de Portugal permitisse tamanha desumanidade, ou que falte alguém para adverti-lo, etc. O parágrafo dita o tom do resto da carta, mas não apresenta ainda nenhum argumento elaborado.
Nos outros três parágrafos serão expostos argumentos para diferentes situações alegadas. No quarto parágrafo, o autor trata da questão dos escravos feitos na guerra, se referindo à guerra justa. Para o autor, os portugueses não são obrigados a averiguar a justiça da guerra, então é possível comprar escravos, sejam eles escravos “de hecho o de derecho”.
O quinto parágrafo trata sobre as pessoas que são condenadas em suas próprias tribos e são resgatadas pelos cristãos. O autor é incisivo ao afirmar que é justo tomar essas pessoas como escravas pela vida toda, já que isso acontece em uma terra em que se pode fazer escravos de diferentes maneiras, incluindo vender-se voluntariamente. O autor argumenta que se outro “natural” resgatasse uma pessoa condenada, ele poderia fazê-la escrava e um cristão poderia comprar esta pessoa. “Se um cristão pode comprar este escravo de outro natural, por