Rejeição e crítica ao "ensombrecer moderno"
Sebastião Soares
Filósofo, educador, escritor e lutador social
Explicitar a “crítica nietzschiana à modernidade” e considerar os “desdobramentos dessa crítica nos escritos de Heidegger” é um empreendimento de alto risco, dadas a mobilidade e a plasticidade do terreno a percorrer. Produzir essa explicitação nos limites desse texto é, ainda, mais arriscado, quase impossível alcançar uma plena apreensão, em função do vasto conteúdo a ser examinado e condensado, numa extensão reflexiva que ostenta uma replicação interna: é necessário observar as variações de perspectivas em ambos os autores.
O primeiro Nietzsche, discípulo confesso de Schopenhauer e admirador de Wagner, refaz o seu itinerário com algumas doses “necessárias” de iluminismo, enquanto Heidegger dos tempos existencialistas paga tributo ao filósofo nazista, enredado na problemática da filosofia do sujeito, nos marcos de um “projeto de um novo ser-aí alemão” que se dissolve na crítica à “metafísica da técnica”. Este é o ambiente teórico a descortinar, com entendimento de que os textos de Habermas cotejam o discurso filosófico da modernidade no âmbito do projeto da Teoria Crítica; neste sentido, o texto habermasiano, enquanto uma análise teórica reflexiva, portanto crítica, porta a condição de praxis no seu objetivo de, a partir de uma perspectiva neo-estruturalista, “...reconstruir passo a passo o discurso filosófico da modernidade.”(2002-pg.1).
A crítica de Habermas, no perpassar das filosofias do sujeito, repõe os momentos iniciais da instauração do discurso da modernidade, cujo ponto de partida é a filosofia de Hegel, como momento inicial da consciência dos novos tempos de uma “História” universal. A presença de Nietzsche nessa tematização, considerada como a entrada na pós-modernidade, como Hegel, se desdobra num vasto campo de interpretações, entre estas a crítica da metafísica em Heidegger. As conquistas da modernidade são eventos consagrados