REGULARIDADE E ORDEM DAS POVOAÇÕES MINEIRAS NO SÉCULO XVIII
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46 páginas
Rodrigo Almeida BastosREGULARIDADE E ORDEM DAS POVOAÇÕES MINEIRAS NO SÉCULO XVIII
REGULARIDADE E ORDEM DAS POVOAÇÕES MINEIRAS
NO SÉCULO XVIII
Rodrigo Almeida Bastos
“...na arquitectura tudo se faz por regra...”
Padre Antonio Vieira, Sermão da Sexagésima
Este texto procede de uma pesquisa mais ampla1 dedicada a compreender a fábrica artísticoconstrutiva na capitania de Minas Gerais no século XVIII a partir dos pressupostos, procedimentos e princípios exatamente coevos à formação de seus conjuntos arquitetônicos e urbanos.
Comprometida com a historiografia desses conjuntos bastante relevantes ao universo lusobrasileiro, evita-se nessa pesquisa o uso de categorias anacrônicas (como: “partido”, “função”,
“identidade”, “originalidade”, “evolução”, o próprio termo “barroco” e seus corolários dedutivos, formalistas e subjetivistas, redutores da análise artística) carregadas de ideologias estranhas às circunstâncias e aos regimes poético-retóricos de concepção, produção e recepção setecentistas que interessa oportunamente reconstituir. O objetivo principal da pesquisa é, portanto, reconstituir a história desses conjuntos arquitetônicos e urbanos ao mesmo tempo em que se procura reconstituir também a história dos fundamentos e preceitos (por exemplo: decoro, decência, conveniência, comodidade, adequação, ordem, aumento, compostura, asseio etc.) que foram considerados em suas formações. As fontes documentais primárias e os tratados artísticos e teológicos considerados no período, nos quais se apresentam as matérias desses preceitos, adquirem premência teórico-metodológica.
Contemplar os conjuntos arquitetônicos e urbanos setecentistas de Minas Gerais à luz dos princípios coevos pode nos levar a compreensões diversas daquelas consagradas pela historiografia. Sob o olhar e a sensibilidade modernos – cito alguns dos mais importantes: Sylvio de Vasconcellos, Paulo Ferreira Santos e Roberta Marx Delson –, as povoações mineiras se consagraram como