reforma

4984 palavras 20 páginas
A desmistificação na reforma luterana:
Conflito entre o misticismo cristão e o protestantismo moderno

Durante a história do protestantismo, a voz da reforma não bradou apenas contra o misticismo do passado, mas contra freqüentes revanches do misticismo. Qualquer um que atente para fenômenos religiosos atuais constata que o misticismo certamente não morreu com a antiguidade. Embora o fundamento místico tenha perdido gradativamente seu status para a hermenêutica e para a especialização no conteúdo teológico moderno, o apelo místico sempre ganha novamente as massas. E não há lugar para fidelidade aos propósitos originais da reforma por que não é a discussão teórica que incendeia os fieis, mas sempre as paixões, aquilo que há em todo homem e que freqüentemente se confunde com o divino. O conceito de desmistificação aqui evocado é o conceito de Max Weber, e ao contrário do que lhe é freqüentemente taxado, não se trata de uma fatalidade moderna, de uma “morte de deus”, mas de um aspecto histórico que se trava na modernidade, não como simples realização de uma tendência geral de desmistificação, mas sim, do conflito de valores que acompanha a novo embate ético-religioso moderno. Pois embora em Max Weber a desmistificação tenha se tornado um jargão que caminha junto com a racionalização, com o desencantamento e com uma concepção de mundo aprisionado pelo cálculo cético que expulsou todos anjos e demônios do imaginário místico, não é este tipo de fatalismo que Max Weber defendia, mas justamente o contrário. Não houve uma vitória da razão sobre a fé, isto seria ignorar toda a riqueza real existente na história humana. Embora Weber nos apresente a racionalização, ele também pressupõe, em seu arcabouço teórico, o carisma como algo capaz de enfrentar a rigidez do espírito moderno, o elemento que dá movimento e vida à sociedade moderna. Trata-se do elemento que restaura antigas paixões e cria novas ilusões, uma força que supera o engessamento da modernidade e que

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