reforma oblitica

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Entre os séculos VIII e VII a.C., verificamos uma transformação da tática militar na Grécia, a qual se configurou como um modelo de combate oposto ao da guerra aristocrática até então dominante nesta região. Doravante, os exércitos deixaram de se basear na cavalaria (hippeis), e passaram a se apoiar no hoplita – soldado de infantaria equipado com uma panóplia específica, hoplon, (armadura, grevas ou cnêmides, escudo, elmo, lança) –, o qual atuava em grupos de combatentes dispostos de tal forma que o escudo de um protegia a metade do lado esquerdo de seu companheiro, e as lanças das cinco primeiras filas projetavam-se para frente1.
Neste tipo de embate, o combatente não dependia apenas de suas capacidades pessoais como guerreiro – tal qual no Período Homérico –, mas principalmente de seus companheiros, a ação deixava de ser individual e tomava uma dimensão coletiva, sendo mais importante “manter o seu lugar na fileira, lançar-se a um só tempo sobre o inimigo, combater escudo contra escudo, executar todas as manobras como um só homem”2.
No período homérico, o herói era o bom condutor de carros de guerra, o hippeus, que buscava para si as façanhas individuais, as proezas do combate singular. Passagens presentes na Ilíada de Homero – como os combates entre Aquiles e Heitor, Páris e Menelau, Glauco e Diomedes, entre outros – nos levam a afirmar que as batalhas se configuravam a nível individual, através de vários duelos que se desenvolviam durante os embates, nos quais os prómachoi se enfrentavam.
Neste modelo de combate, o guerreiro imbuído pela lyssa – o furor guerreiro –, e inspirado pelo ardor de alguma divindade, encontrava-se numa espécie de êxtase que o permitia executar ações incríveis, o que leva Jean-Pierre Vernant a concluir que “o valor militar se afirmava sob a forma de uma aristeia, de uma superioridade pessoal”3.
1 J.R. Ferreira, A Grécia Antiga, Lisboa: Edições 70, 2004, pp. 51.
2 M. Detienne, “La phalange, problèmes et controversies”, in J.P.

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