REFLEXÕES SOBRE A FILOSOFIA MORAL DE ALASDAIR MACINTYRE: A RELAÇÃO ENTRE ÉTICA E EDUCAÇÃO
1. INTRODUÇÃO
O que ainda pode nos inspirar em Aristóteles, morto há mais de dois mil anos? Este autor ainda tem algo a nos dizer, em nosso mundo contemporâneo, que é muito distinto daquele em que ele viveu? Alasdair MacIntyre, seguramente, pode ser apresentado como uma proposta de reflexão para essas questões. O filósofo escocês faz um diagnóstico da modernidade, atestando que a linguagem moral contemporânea está em desordem, que a moralidade moderna é formada de uma mistura de fragmentos não-combinados: Iluminismo, liberalismo econômico e político, emotivismo, etc. Para ele, segundo Luiz Bernardo Leite Araujo, “a ética contemporânea – cuja linguagem tornou-se uma coleção incoerente de fragmentos desordenados herdados de épocas e de contextos passados – encontra-se num estado de grave desordem” (2011, p. 247). E é justamente como resposta a tal desordem, que MacIntyre nos remete à tradição aristotélica, para compor uma crítica a toda moralidade moderna e propor novos desafios para a ação e reflexão no cenário ético e consequentemente educacional das sociedades contemporâneas.
O contexto contemporâneo expõe problemas como a pobreza em escala mundial, o avanço desmedido da técnica, a crise ecológica, a crise da racionalidade moderna, entre tantos outros. Problemas esses que solicitam de alguma forma uma reflexão ética e educacional radical sobre nossa época, pensadas em um sentido amplo. MacIntyre, como um teórico fundamental para se pensar os dilemas da contemporaneidade, servirá como fundamento para novas reflexões, uma vez que, na ausência de critérios morais, como ele mesmo denuncia, torna-se difícil arranjar argumentos para combater os novos males contemporâneos.
O filósofo se destacou e pode ser posicionado em relação a dois aspectos para essa reflexão sobre a atualidade: em relação ao resgate e à herança da filosofia de Aristóteles e como representante do