Reflex O Sistem Tica Tica Moderna
Kant expôs a sua ética geral nos “Fundamentos da metafísica dos costumes”, de 1785 (“metafísica dos costumes” = ética), e na “Crítica da razão prática”, de 1788.
[A doutrina moral exposta nos “Fundamentos...” é substancialmente a mesma que a da “Crítica...” de três anos depois.]
Definições preliminares:
A razão humana subdivide-se em razão teórica e razão prática.
A razão teórica é a razão capaz de conhecer.
A razão prática é a razão capaz de determinar a vontade e a ação moral.
Por “razão pura”, entende-se a razão não misturada a nada de empírico, capaz de operar sozinha, “a priori”.
Pode-se, pois, em tese, conceber:
(1) uma razão pura teórica: uma razão capaz de conhecer “a priori”, sem o recurso à experiência; e (2) uma razão pura prática: uma razão capaz de determinar a vontade e a ação moral “a priori”, sem o recurso à experiência.
O objetivo da “Crítica da razão prática” é, justamente, demonstrar: que a razão pura pode ser prática; ou que há uma razão pura prática; ou que a razão sozinha, sem a influência de impulsos sensíveis, pode dirigir a vontade
— mais: e que só quando a vontade é determinada pela razão pura, ela é vontade boa.
Na “Crítica da razão pura” (1781), Kant critica as pretensões da razão pura teórica de ultrapassar os limites da experiência (do lícito): a razão pura teórica tende a prescindir da experiência e esta tendência é problemática (cf. dialética transcendental).
Na “Crítica da razão prática”, o problema é exatamente o contrário: Kant critica agora a tendência oposta da razão prática de permanecer ligada à experiência.
Na “Crítica da razão pura”, Kant está preocupado em limitar a razão pura teórica à esfera da experiência; na “Crítica da razão prática”, ele está preocupado com o oposto.
Há, pois, uma diferença fundamental entre a razão teórica e a razão prática: a razão teórica não pode conhecer validamente sem o auxílio da sensibilidade; a razão prática, pelo