Redação sobre Machismo

Traição, vó

Nas férias, encontrei um livro da minha vó, um de capa vermelha, com nenhum título aparente e escrito em italiano. Fiquei instigada para desvendar do quê se tratava. Recorri a ela imediatamente. “Ii... bambina, você tá preparada para ter metade da sua vida inteira sendo revelada como uma mentira?” Era tarde demais para dizer que não e sair correndo sem olhar para trás. Metade de mim já se preparava para algo terrível, a outra, não via a hora de ter seus sonhos destruídos.
Ela abriu o livro, abanou algum pó restante de seu sopro e me perguntou qual era minha história favorita, essas de crianças. Respondi imediatamente: “Branca de Neve.” Ela folheou algumas páginas e me perguntou novamente se eu estava preparada, afirmei com a cabeça.
Bom até aqui, eu sabia da história que via em todos os livros, uma linda princesa, com a pele mais branca que a neve, que sofre com a inveja de sua madrasta má. É obrigada a sair de casa e correr na floresta em uma noite fria, cheia de tempestades. Ela encontra a casa de sete anões, implora para sua permanência no novo abrigo, e eles a aceitam, por ter uma comida saborosa. Depois de um tempo vivendo por lá, ela é enganada pela madrasta, que por sua vez, também é bruxa, e é induzida a comer uma maçã envenenada. Os anões, arrasados, a colocam em um caixão de cristal e todos os animais possíveis, habitantes da floresta, ficam em silêncio, sofrendo sua morte. Até que um belo príncipe, de passagem, vê o cerimonial e resolve beijá-la. E fim. O feitiço da bruxa má é quebrado e Branca de Neve se casa com o seu primeiro amor e vive feliz para sempre.
Quando eu era criança, a loucura toda me parecia algo, de outro mundo, me tirava o ar e me fazia respirar só quando descobria que ela estava a salvo e feliz. E lia de novo, relia. A sensação nunca acabava. Depois que cresci, acabei esquecendo toda essa magia, por ter perdido a inocência daquela época. Por exemplo, essa coisa de aceitar uma maçã, de uma velha grotesca que apareceu