redacção jornalista
No bairro de Chelas, em Lisboa, são nas histórias de bandidos e traficantes que deram lugar a um telefilme Zona J (premiado em 1999 com dois Globos de Ouro, prémio da SIC), que encontramos o discreto grupo Vicentinas.
Este grupo constituído por doze moradores do bairro, juntou-se em 1994 através da Igreja e decidiram apoiar os mais carenciados. Atualmente quarenta e cinco famílias através do Banco Alimentar e visitam os lares de vinte idosos.
Dona Maria de Lurdes de 64 anos, casada e mãe de dois rapazes, é desde 2011 a responsável por este grupo de solidariedade local e trabalham em parceria com a assistente social Dr.ª Cláudia.
Os homens ficam com o trabalho pesado de carregar e transportar os alimentos. Entregam numa semi-casa escondida, entre os labirintos, facilmente avistada por quem cá vive. As mulheres a distribuição dos alimentos e as visitas ao domicílio.
Terça feira, são 10h da manhã e já dezenas de desfavorecidos, espera pela carrinha dos alimentos. Trazem frutas, legumes e algumas massas. A carrinha encosta. Fazem já uma fila ordenada, para criar um cordão humano, que chega aquela que podia ser uma arrecadação do prédio a que pertence. Paira o silêncio e a concentração. Um cheiro intenso a verdura espalha-se no ar. Termina a tarefa. Constrangidos dirigem-se para junto das Vicentinas que colocam irmãmente os alimentos nos sacos que trazem debaixo do braço. Conversam sobre os filhos e a escola, o marido que conseguiu um biscate e sente o alívio, mesmo que pequeno, que terão no orçamento familiar. Assim, os mais pequenos poderão sentir o cheiro de roupa nova no Natal.
Na terceira semana de cada mês, é a vez de entregar óleo, azeite e farinha.
Dizem que o bairro já foi bem mais problemático, não pela grande maioria dos habitantes, mas pelos duelos de dealers. O espirito sempre foi de união e entre-ajuda.
Comenta Deolinda, moradora do bairro há 32 anos, que conhece todos os moradores. Sabe que qualquer um a ajuda, nem que