Recensão-Da organização do Espaço-Fernando Távora
O autor começa por expor a noção básica de organização do espaço associando a esta mesma uma variável que habitualmente não é mencionada: o tempo. O tempo é indissociável desta mesma noção e revela-se como uma quarta dimensão, que confere dinâmica e consequentemente continuidade à organização do espaço. Esta continuidade é procurada através de participações verticais, que resultam numa colaboração entre organizadores de gerações diferentes, conferindo uma maior coerência e sensatez à trajectória que a organização do espaço pretende seguir. A organização de um determinado espaço surge então através de uma circunstância; entenda-se por circunstância a soma dos infinitos factores que condicionam a organização; e logo de seguida, o próprio espaço organizado transforma-se numa nova circunstância, numa condicionante para os organizadores vindouros. Esta continuidade, própria da dinâmica do cosmos em si, é muitas vezes posta de parte em prol de uma “barbárie do especialismo”, de uma manifestação superficial e instantânea que, pretende satisfazer o ego arquitectónico do criador, renegando a circunstância e concebendo uma aberração que não contribui com nenhuma mais-valia para a organização do espaço, pode mesmo ser um factor de retrocesso dessa mesma organização. Sendo que organizar um espaço significa uma atitude de escolha face à circunstância, a continuidade e a delapidação encontram-se em contraste permanente pois o ser humano é o produto de uma enorme equação de condicionantes que o rodeiam, o que origina formas de pensar e agir muito díspares.
A evolução da cidade é um tema abordado neste ensaio de 1962 de uma forma absolutamente contemporânea. O “monstro”, como o autor a denomina, sofre um crescimento exponencial, disforme e atroz, fruto de uma evolução tão veloz que extingue o pensamento do homem, que se torna ultrapassado e vítima das suas próprias criações. Mega cidades como Nova Iorque