Recensão Crítica do Artigo de Manuel Valentim Alexandre "Portugal em África (1825-1974). Uma perspectiva global"

1342 palavras 6 páginas
O artigo em análise, "Portugal em África (1825-1974). Uma perspectiva global", da autoria do investigador Manuel Valentim Alexandre, foi publicado na revista de História e Ciências Sociais Penélope em 1993. Valentim Alexandre é investigador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, tendo vários trabalhos publicados na área da História do Colonialismo Português e das suas relações externas.1 No artigo em causa, o autor propõe-se a analisar, a par dos últimos dois séculos de relações entre Portugal e África, a tese do sociólogo brasileiro Gilberto Freyre relativa ao “luso-tropicalismo”, procurando, desta forma, confirmá-la ou revogá-la.
Gilberto Freyre, no seu livro de 1940, O Mundo que o Português Criou, fornece uma base cientifica à tão apregoada “vocação” portuguesa para “se ligar harmoniosamente a outros povos, em particular aos africanos”2. Valentim Alexandre divide a sua análise dos últimos dois séculos de relações entre Portugal e África em quatro períodos: o período da transição do Brasil com colónia primeira para África, o período da corrida das potências europeias aos impérios africanos; o período da transição para o princípio diplomático de ocupação efectiva e, finalmente, o período do Estado Novo.3
O primeiro período referido é intitulado como “A Transição: do Brasil para África”4. Aqui o autor chama a atenção para a posição de subordinação ao Brasil que o continente africano ocupava na visão colonial no inicio da época a analisar. O Brasil era, de facto, o “centro produtivo”, pecando, contudo, pela falta de mão-de-obra de qualidade. Assim, de forma a colmatar esta lacuna, desenvolvem-se em África, a partir do século XVII e prevalecendo até ao século XIX, circuitos de aprovisionamento de mão-de-obra escrava entre zonas do litoral e zonas do centro do continente, por intermédio de territórios que promoviam as trocas comerciais entre estas duas.
Os frágeis contactos que Angola e Moçambique estabeleciam com a metrópole, funcionando

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