Ramiro, de Miguel Torga
Bichos, de Miguel Torga
“Ramiro”
- RESUMO DO CONTO
Ramiro não falava com ninguém, era um pastor insociável. Respondia aos cumprimentos com um han e, como não conseguia usar as palavras para se expressar, assobiava. Depreende-se que Ramiro não se expressa como um ser humano comum, a sua forma de comunicação era mais assemelhada à dos animais que usam sons para se comunicar. As pessoas ficavam pasmadas com o comportamento de Ramiro (“quem passava até mudava de cor”) . Ele não respondia às repreensões do Manuel Pelinhas e ao domingo ia à missa, apesar de não fazer lá nada para além de ouvir o padre João a rezar a missa.
Ramiro era assim porque passou vinte anos no marão, onde tudo era silêncio. Tanto que esse silêncio acabou por entrar na alma do pastor, tornando-o insociável.
O pastor sentia uma inclinação por Rosa, “quando passava por ela, comia-a com os olhos”. Contudo, não sabia manifestar essa paixão a não ser pelo olhar. A sua mãe (Tia Etelvina) fazia de tudo para os aproximar, mas em vão, pois Ramiro continuava solteiro.
O seu dia-a-dia era muito monótono: levantava-se cedíssimo, soltava um assobio para anunciar que já se tinha levantado, seguia para o Marão com o rebanho e deixava-se ficar lá o dia inteiro sem falar com ninguém.
Certo dia ocorreu um incidente com o Ruela: os cordeiros dele misturaram-se no rebanho do Ramiro e, quando o Ruela tentou reunir os cordeiros, agrediu uma das ovelhas do Ramiro. O Ruela procurou justificar-se, mas Ramiro não aceitou as desculpas do outro pastor e matou-o. Quando viu Mimosa a morrer, não se conteve e deu com a foice “em cheio na cabeça do Ruela”. Cumprida a sua vingança, Ramiro age como se nada tivesse acontecido. Ramiro vivia num mundo diferente da “sociedade civilizada”, era um homem do seu espaço e não concebia outro mundo além do que os seus olhos alcançam.
- INDICAR OTEMA E COMO FOI ABORDADO NA OBRA O