"Os bichos" de Miguel Torga
Esta obra, que retrata a contradição entre a vida e a cultura de uma sociedade, foi escrita em 1940 por Miguel Torga. Contém catorze contos, cada um deles com uma personagem principal, nos quais nos são apresentadas histórias de animais humanizados. Por isto, a palavra escolhida foi “bichos” e não “animais” pois é como se pudéssemos dizer que bichos homens e bichos animais estão juntos a lutar pelo mesmo fim: a vida.
Miguel Torga mostra todas as injustiças do dia-a-dia nas páginas do seu livro e, fá-lo com tal mestria que não somos capazes de perceber se ele se refere a animais com sentir humano ou seres humanos vestidos de animais.
Tal como já referi, o livro apresenta-nos catorze diferentes personagens e, aproveito ao citá-las para fazer uma breve abordagem à história de cada uma. São elas:
- Nero: era um pequeno cão que, enquanto era pequeno, era adorado e querido por todos; mal cresceu, nunca mais ninguém quis saber da sua existência e acabou por morrer de solidão.
- Mago: era um gato que viu a sua liberdade ser roubada por uma senhora, tendo como consequência o desprezo dos seus amigos.
- Madalena: era humana grávida que vivia numa aldeia mas estava farta da sua vida. Quando tentou fugir de tudo, acabou por abortar pelo caminho.
- Morgado: era um burro de carga que era conhecido pela sua força e rapidez mas, quando ficou velho, perdeu grande parte das suas capacidades e foi abandonado por isso.
-Bambo: era um sapo charmoso que se achava muito entendedor da vida.
-Tenório: era um galo que sempre foi admirado por todos porque cantava muito bem mas, assim que envelheceu, foi servido num jantar.
-Jesus: era menino que descobriu um pintassilgo no seu ninho, roubando-lhe assim a liberdade.
-Cega-rega: era uma formiga que tinha muito medo do Inverno.
-Ladino: era um pardal que apesar de manhoso e matulão, no início da sua vida tivera medo de voar.
-Ramiro: era um cordeiro que matou a ovelha que amava sem querer.
-Farrusco: era um melro que