Homem telúrico, natural e intensamente fiel às suas raízes avesso também a evocar os anos de Juventude no Brasil (A Criação do Mundo), é todavia Coimbra - onde faz os estudos de Medicina e onde mais tarde ancorará a sua vida familiar e profissional - que mais condiciona a personalidade literária e a obra de Miguel Torga. Durante dezenas de anos, a paisagem e a vida sociocultural de Coimbra (desde o movimento em torno da revista Presença, 1927-1940) impregnarão o seu inconfundível Diário, a sua poesia lírica e a sua ficção narrativa. Voz clamorosa de um homem inquieto, a sua poesia de Orfeu Rebelde (1958) vai-se despojando da ênfase que distingue o seu lirismo nas primeiras colectâneas (Rampa, 1930, O outro livro de Job, 1936, Lamentação, 1943. Odes, 1946, Nihil Sibi, 1948, Cântico do homem, 1950; Penas do Purgatório, 1954, Câmara Ardente. 1962; Poemas Ibéricos, 1965) e nos dezasseis volumes do Diário (desde 1941 a 1994) os poemas vão trocando a eloquência pela sóbria expressão do desespero humanista de Torga. Paralelamente, o seu conhecimento vivencial e reflexivo dos homens com vária condição social e a sua empatia titânica com as forças naturais atingem superior recriação artística em obras-primas de contos (Bichos, 1940, Contos da Montanha, 1941, Novos Contos da Montanha, 1944, etc.)-Homem telúrico, natural e intensamente fiel às suas raízes avesso também a evocar os anos de Juventude no Brasil (A Criação do Mundo), é todavia Coimbra - onde faz os estudos de Medicina e onde mais tarde ancorará a sua vida familiar e profissional - que mais condiciona a personalidade literária e a obra de Miguel Torga. Durante dezenas de anos, a paisagem e a vida sociocultural de Coimbra (desde o movimento em torno da revista Presença, 1927-1940) impregnarão o seu inconfundível Diário, a sua poesia lírica e a sua ficção narrativa. Voz clamorosa de um homem inquieto, a sua poesia de Orfeu Rebelde (1958) vai-se despojando da ênfase que distingue o seu lirismo nas primeiras