Racismo no brasil
TELES, Edward. Racismo à brasileira: uma nova perspectiva sociológica. São Paulo: Relume Dumará, 2003.pp. 132-133. “As ideologias da democracia racial e, mais duradoura, de branqueamento tiveram implicações sociológicas tão fortes para a raça no Brasil como a percepção da raça como conceito socialmente construído teve implicações para o curso da história moderna mundial. No Brasil, não existe na classificação racial um limite por “linha de cor” mas sim uma grande área cinza ou marrom. Leis de classificação racial nunca existiram no Brasil e tampouco existem regras rígidas para a classificação racial, como nos Estados Unidos e na África do Sul. No Brasil, a raça é um conceito ambíguo, situacional, inconsistente e relacional. Existem vários sistemas de classificação. São várias as categorias situadas ao longo de um continuum que vai do branco ao preto e que são também influenciadas pela classe social e pelo gênero. Além disto, os brasileiros têm pouco sentido de pertencimento a um grupo racial. Ao passo que a classe social e o gênero são aspectos centrais na maioria das identidades brasileiras, a raça ainda não é. A miscigenação tem sido central para os conceitos de raça no Brasil. Primeiramente, a miscigenação brasileira afetou a grande maioria da população. No Brasil, até mesmo uma grande parte da população branca tem sangue africano ou indígena, enquanto que, nos Estados Unidos, a miscigenação esteve limitada a 12% da população, onde todos os miscigenados são classificados como negros. Além disso, diferentemente dos Estados Unidos, onde a segregação separou a população entre brancos e negros, o Brasil celebrou categorias intermediárias e evitou a criação de leis para a classificação racial. Como resultado, a classificação racial brasileira tem sido em grande parte ambígua; sistemas múltiplos e categorias são permitidos e os mesmos indivíduos podem ser classificados legitimamente em mais de uma categoria, dependendo de quem faz a