Racismo cientifico
O ``racismo cientifico`` começou a tornar forma no final do século XVIII com as primeiras classificações raciais sistemáticas, mas consolidou-se como saber cientifica convencional apenas na segunda metade do século XIX, paralelamente a difusão do evolucionismo de Darwin.
No âmbito das ciências naturais a ciência das raças`` derivou do movimento geral de classificação dos seres vivos. Afinal se eram definitivamente as fronteiras entre as espécies e as raças dos animais em geral, porque não fazer o mesmo com a humanidade?
Além disso, aquele era um tempo de expedições científicas devotadas a conhecer as regiões interiores da África, da Ásia e da Américas, bem como o Ártico. Os nativos, vistos como povos primitivos, seriam investigados, nomeados e classificados. Os sábios cientistas naturais, lingüistas, antropólogos separariam esse povos dos europeus e colocariam ordem na diversidade humana, catalogando os grupos étnicos. A ciência das raças emergiu na transição histórica entre o encerramento do tráfico transatlântico de escravos e a expansão imperial das potências européias na África e na Ásia. O tráfico escravista não resistira à disseminação do conceito iluminista da igualdade natural entre os seres humanos, fundamento da campanha abolicionista na Grã-Bretanha e das revoltas de escravos no Caribe. E um obstáculo filosófico se apresenta diante da expansão imperial: se a natureza fez iguais s seres humanos, como impor o poder das nações européias sobre os povos da África e da Ásia?
O imperialismo não podia ser simplesmente decretado, pois precisava do respaldo de uma nascente opinião pública, que acompanhava com entusiasmo as novas descobertas. A ciência das raças ofereceu a resposta ao dilema posto pelas idéias iluministas: no fim das contas, asseguraram os cientistas, os seres humanos não são tão iguais assim, pois se dividem em raças e há uma hierarquia racial. A conquista dos povos amarelos e negros fazia parte da missão histórica