Rachel schelt

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Para a realização deste trabalho minhas principais fontes foram processos criminais e inquéritos policiais, nos quais as mulheres eram rés. Nessas fontes eu pude ter acesso, não apenas às falas das culpadas como das vítimas, das testemunhas, mulheres e homens e descortinar o seu cotidiano. Também, utilizei jornais da época nos quais pude acompanhar como veiculavam muitas das questões. Relatórios policiais, teses médicas foram também investigadas, além da literatura da época, entre outros, autores como Aluísio Azevedo, Lima Barreto, João do Rio e Machado de Assis. Ao cabo da pesquisa pude constatar que tais mulheres pobres não correspondiam ao modelo idealizado de delicadeza, submissão, fragilidade, vocação maternal etc. Eram mulheres fortes, na maioria chefes de família, trabalhavam muito etc. Tais atividades se refletiam na sua maneira de pensar e de viver, contribuindo para que procedessem de maneira menos inibida do que aquelas de outras classes sociais. Fato que não impedia que também sofressem a influência das idéias dominantes acerca do modelo ideal de “ser mulher”, ao qual aspiravam, mas que não se podia realizar diante de sua situação concreta de existência.

Faces da História pergunta: A violência contra a mulher varia, segundo sua pesquisa, conforme a classe social a qual ela pertence? Qual o tratamento da justiça para esses casos?

Resposta da Professora Rachel Soihet:

Segundo pesquisas realizadas, a violência se constitui numa realidade presente em todas as classes sociais. Apenas, no caso das classes mais elevadas, as mulheres dispõem de recursos que impedem na maioria dos casos que a questão se torne do conhecimento da polícia e do público em geral. Com relação à justiça, algumas medidas foram obtidas, a partir da pressão das feministas nos anos 1970/1980, especialmente tornando uma questão até então considerada do âmbito privado de interesse público. Mas as penalidades, ainda são muito leves proporcionalmente.

Faces da História pergunta: A

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