A Crise Pol Tico
Introdução
Em junho de 2010 a 2ª Conferência Nacional da Classe Trabalhadora (Conclat), convocada pelas centrais sindicais, aprovou uma “agenda da classe trabalhadora por um novo projeto nacional de desenvolvimento” fundado em três valores fundamentais: a valorização do trabalho, a soberania e a democracia.
Ao focar a questão do desenvolvimento o movimento sindical eleva a qualidade de sua intervenção na vida política, aliando as batalhas do cotidiano em defesa dos direitos sociais, salários e empregos à luta mais geral pela solução dos grandes problemas nacionais. A experiência ensina que as batalhas específicas das categorias, embora imprescindíveis, não são suficientes para preservar, consolidar e ampliar direitos e conquistas que a classe trabalhadora arranca no processo histórico de luta de classes. É preciso mobilizar forças para transformações políticas e sociais mais profundas. É neste plano que devemos compreender o projeto de desenvolvimento com valorização do trabalho, soberania e democracia, proposto pela 2ª Conclat.
No último quartel do século 20 – abatido pela crise da dívida externa e submetido à cartilha neoliberal do FMI e do “Consenso de Washington” –, o Brasil viveu duas décadas classificadas como perdidas em matéria de desenvolvimento: os anos 1980 e 1990 marcados pelo baixo crescimento do PIB e pela estagnação da renda per capita. Foi uma época em que o desemprego esteve em alta, a participação dos salários no PIB caiu, conquistas e direitos do povo trabalhador foram abolidos ou flexibilizados. O retrocesso social foi maior durante os governos neoliberais de FHC – encerrados em 2002 –, com a taxa de desocupação medida pelo Dieese rondando 20% nas principais regiões metropolitanas do país.
O chefe tucano, ao lado do fiel escudeiro José Serra, promoveu uma política de impiedosa depreciação da força de trabalho, perseguição aos sindicatos, criminalização das lutas sociais, flexibilização da