QUESTOES A OES AFIRMATIVAS
É possível se desenvolver, mudar, sem crescer economicamente? A resposta convencional é não. A resposta certa é sim. O crescimento, sobretudo medido pela renda per capita, ajuda, acelera, mas sua ausência não impede progresso em muitos campos importantes. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil retrata, exatamente, um país que muda e se desenvolve em aspectos cruciais, apesar do baixo crescimento médio. Por causa dessa mudança, acumula condições para maior e mais sustentável crescimento futuro. O cientista político Harold Wilenski demonstra que todas as democracias hoje ricas - econômica e socialmente falando - passaram por pelo menos nove mudanças estruturais de fôlego, com alguma variação de velocidade. São elas: redução do tamanho das famílias; expansão da educação de massas; diversificação da estrutura ocupacional, com expansão e diferenciação das classes médias e redução de camponeses e trabalhadores não qualificados; mudanças na organização e na jornada do trabalho; incorporação das mulheres à força de trabalho; tendência à redução das desigualdades de gênero e adoção progressiva de ações afirmativas para inclusão de minorias étnicas ou culturais; criação de uma rede de proteção social; circulação da informação política e cultural pela via dos meios de comunicação de massas; e crescimento dos setores intelectuais, científicos e de especialização técnica na classe média. O Brasil vem melhorando em todos esses pontos, nas últimas três ou quatro décadas, apresentando uma rede de proteção social ainda frágil e marcada por distorções distributivas que a tornam menos eficaz para os mais pobres. Vamos ser exigentes: comparar só os 99 países que estiveram no estudo desde 1975. O Brasil encontra-se entre os 48 que melhoraram de posição e tiveram ganhos de qualidade de vida nesses 26 anos. Subiu seis posições, da 46a para 40a. Saiu de 0,643 de IDH para 0,777, muito perto da