Questionário do livro a moreninha
As jornadas diárias no aterro sanitário de Gramacho, na região metropolitana do Rio de Janeiro, são um inferno para os cinco mil catadores de lixo que ganham a vida entre toneladas de resíduos, apesar da concorrência dos urubus e de sua própria fome.
Os catadores de lixo são à base de uma pirâmide de trabalho ameaçada por técnicas de reciclagem que começaram a ser incorporar pelas grandes indústrias.
"Ali, se trava a cada dia uma batalha de sobrevivência. Essas pessoas não têm outra opção de vida", disse José Henrique Penido, assessor da direção da Companhia de Limpeza Urbana do Rio de Janeiro (Comlurb), proprietária do aterro.
A história dos catadores deste aterro, mais conhecido como "Lixão do Jardim Gramacho", remonta a 1975 e nada tem a ver com as belezas coloridas mostradas nos postais da Cidade Maravilhosa.
Jardim Gramacho é o nome de um bairro de Duque de Caxias, cidade da região metropolitana a 20 quilômetros do Rio.
O "Lixão" ocupa uma área de um milhão de metros quadrados nas margens da Baía de Guanabara, e recebe uma média diária de 10 mil toneladas de resíduos vindos do Rio de Janeiro, Duque de Caxias, Nilópolis e São João de Meriti. Volume que equivale a 85% do lixo urbano gerado a cada dia no Rio de Janeiro.
Com 88 anos, Alzira da Silva desafia há 33 anos as condições miseráveis do aterro para fazer ser ganha-pão. "Consigo entre R$ 70 e 80 por mês. Trabalho aqui, não porque goste. Na minha idade, é o único que tenho para viver".
O lixão ferve a qualquer hora do dia, mas ninguém parece preocupado. A obsessão é encontrar uma garrafa aqui, uma lata ou um pedaço de ferro ali, ou um papel acolá.
Com as primeiras luzes do dia, o trânsito de caminhões carregados de todo tipo de imundícies se torna frenético. Em cada "podrão", como são chamados, pode haver material reciclável que salvará o dia, e por isso é preciso estar atento no momento da descarga.
As disputas valem "o pão da cada dia". A lei do mais