“Quem vier com a espada na mão, pela espada será ferido”: resenha sobre o filme Alexandre Nevsky, de Sergei Eisenstein
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Alexandre Nevsky (1938) é mais do que um filme. É uma mensagem e retrato do posicionamento político de um Estado-nação em um período específico no tempo.Produzido às vésperas da Segunda Guerra Mundial, o filme se passa durante o século XIII. Nesse período, a Rússia era invadida por duas frentes; de um lado, os Cavaleiros Teutônicos vindos da Alemanha; de outro, o exército do Império Mongol. Como o texto ao início do filme contextualiza, a Rússia ainda sofria as feridas de um poderoso ataque mongol quando a Ordem Teutônica, esperando uma vitória fácil, invadiu seu território. Após a conquista alemã sobre a cidade de Pskov, o príncipe Alexandre Nevsky, que havia conduzido a vitória contra o povo sueco, é convocado para liderar a batalha contra o exército invasor.
Como é possível ver, Alexandre Nevsky é uma obra de arte soviética por excelência. Há ali uma verdade incontestável (a soberania da URSS) sob a qual a arte se sujeita e busca direcionar a população daquele Estado, como idealizado n’A República de Platão. Fica claro, também, a presença de dois inimigos: o Império Mongol (a ascensão do império capitalista norte-americano), grande e poderoso; e a Ordem Teutônica (o expansionismo militar de Hitler), uma ameaça, se não menos perigosa, com certeza mais imediata.
Diferenças ideológicas a parte, mesmo com o envelhecimento natural de uma obra filmada na primeira metade do século XX, ainda hoje é admirável como Eisenstein utiliza com maestria os poucos recursos disponíveis na época para a construção da linguagem cinematográfica em Alexandre Nevsky, sendo sua principal evidência o uso da montagem.
Eisenstein apresenta na montagem a integração harmônica e indissolúvel entre imagem visual e sonora. A música, composta por Sergei Prokofiev, se torna um elemento fundamental que constantemente aprofunda, acentua e apoia o que é visto em cena. No final do filme, por exemplo, o exército russo retorna à cidade de Pskov após a vitória. O retorno é dividido em três partes: