quem mexeu no meu queijo fichamento
Não que eu quisesse memorizar todos os factos que estavam arrolados nas enciclopédias do mundo: pelo contrário, odiava memorizar factos. Não era esse o sentido em que eu tinha a expectativa de que fosse possível saber tudo o que se sabia. Não teria ficado desapontado se me dissessem que surgem mais publicações por dia do que uma pessoa pode ler numa vida inteira, ou que há 600 mil espécies conhecidas de baratas. Não tinha qualquer intenção de registar a queda de todo o pardal. Nem imaginava que um estudioso antigo que supostamente sabia tudo o que se sabia teria de saber todas as coisas desse género. O que eu tinha em mente era uma ideia mais criteriosa do que se deve considerar que é ser conhecido. Por “conhecido” eu queria dizer compreendido.
A ideia de que uma pessoa possa compreender tudo o que se compreende pode ainda parecer fantasiosa, mas é claramente menos fantasiosa do que a ideia de que uma pessoa poderia memorizar todos os factos conhecidos. Por exemplo, ninguém poderia memorizar todos os dados observacionais, ainda que de uma área tão reduzida como a do movimento dos planetas, mas muitos astrónomos compreendem esse fenómeno exaustivamente. Isto é possível porque compreender não depende de saber muitos factos, mas antes de ter os conceitos, explicações e teorias correctos. Uma teoria comparativamente simples e abrangente pode abarcar uma infinidade de factos indigestos. A nossa melhor teoria do