Queda Do Imperio Sovi Tico
IMPÉRIO DE NAÇÕES*
Ronald Grigor Suny
A derrocada dos grandes impérios contíguos e ultramarinos, no final do século vinte, provocou paradoxalmente um novo interesse acadêmico a respeito dos Estados imperiais, particularmente sobre sua capacidade de governar múltiplos povos e sobre a dinâmica de seu colapso. A inspiração mais imediata para este novo entusiasmo pelo que anteriormente se pensava ser uma forma de Estado arcaica foi certamente a rápida erosão do poder imperial soviético sobre a Europa centro-oriental e a rápida dissolução da URSS.
Igualmente inspiradoras, pode-se acrescentar, são as evidentes limitações do Estado-nação para lidar com problemas de multinacionalidade, imigração e conflito étnico, e a crescente atração por associações supranacionais. Conquanto seja provável que o Estado nacional e o nacionalismo ainda permaneçam conosco no futuro por um tempo considerável, tanto os sucessos como os fracassos dos impérios modernos em manter uma relativa paz no interior de suas fronteiras e sustentar alguma identificação e legitimação do
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Tradução de André Villalobos. A revista agradece a revisão de Bernardo Ricupero.
Lua Nova, São Paulo, 75: 77-98, 2008
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Ascensão e queda da União Soviética: o império de nações
empreendimento imperial, pelo menos por algum tempo, proporcionam uma certa visão alternativa à atual hegemonia dos nacionalismos de base étnica.
A questão proposta neste artigo visa discutir que espécie de império foi a União Soviética. Existe algo relacionado com sua natureza imperial que tenha contribuído tanto para o seu sucesso, qualquer que tenha sido o tempo de sua duração, como para sua derrocada final? E a estrutura e dinâmica imperiais do império soviético proporcionam alguma compreensão sobre os imperialismos de nosso tempo?
Proponho aqui uma “dialética do império”, que conecta o sucesso ao fracasso. Começo com alguns conceitos gerais.
Os Estados