Quando há arte
Nelson Goodman
Se responder a pergunta “o que é arte?” termina em frustração, talvez estejamos fazendo a pergunta errada.
Podemos classificar as obras em simbólica ou não simbólica, levando em consideração o tema. As simbólicas seriam aquelas que usam do símbolo e das alusões na composição. As não simbólicas seriam aquelas em que o tema é apresentado de forma direta sem alusões arcanas e desde a própria obra não seja um símbolo. Toda obra representacional é um símbolo, e a arte sem símbolos restringe-se à arte sem assunto.
Exceto em alguns casos, o que a obra representa lhe é externo e alheio.
Não são apenas as obras representacionais que são simbólicas. Uma obra abstrata pode representar um sentimento, por exemplo.
Nem todas as propriedades de algo são inferidas em sua amostra. Se assim fosse ela seria uma amostra de nada, exceto dela mesmo. O que conta em uma amostra e que ela exemplifica apenas algumas de suas propriedades que dependem e variam muito com a circunstância. Isso se aplica as obras de arte, que agem como amostras. Sendo assim a mais pura das pinturas puristas simboliza. Por mais alheia à representação é a expressão, é ainda um símbolo.
É totalmente errado supor que a representação e a expressão são únicas funções simbólicas que uma pintura pode desempenhar pressupor que o que um símbolo simboliza está sempre fora dele dizer que o que conta numa pintura é a mera pose, e não a exemplificação de certas propriedades.
Um dado objeto é uma obra de arte quando funciona como um exemplificador de símbolos. Mas isso não se aplica a todos os casos. As coisas funcionam com obras de arte apenas quando o seu funcionamento simbólico tem certas características. Densidade sintática, densidade semântica, saturação relativa, exemplificação e referência múltipla e complexa.