Há três modos de entender a relação de Rousseau com a arte.
Além do Discurso sobre as Ciências a as Artes, que faz referência às produções artísticas de uma maneira geral, Rousseau escreve duas críticas, em forma de carta, direcionadas aos espetáculos de palco: a ópera e o teatro. Ambas as cartas tiveram grande repercussão devido às implicações políticas das teses defendidas por Rousseau. Na Carta sobre a música francesa, Rousseau defende a superioridade estética da música italiana, o que levou os franceses a se sentirem ofendidos em seu orgulho nacional. Na Carta a D’Alembert, Rousseau critica o teatro clássico francês como forma de arte completamente inadequada para a sociedade genebrina. Veremos, resumidamente, quais os principais motivos e argumentos que levam Rousseau a defender tão veementemente a cidade de Genebra aos efeitos nocivos do teatro parisiense.
Na Carta a d’Alembert, Rousseau analisa o teatro sob o ponto de vista das implicações morais que este ocasiona para a vida prática da sociedade; e sob o ponto de vista do conteúdo representado. Essas duas perspectivas de análise faz com que a carta apresente duas particularidades: segundo Rousseau causa uma ruptura entre o homem e seu verdadeiro ser político e moral. Consequentemente, a crítica presente na Carta a D’Alembert manifesta-se sob dois aspectos fundamentais: uma concepção estética original que caminha na margem oposta aos ideais artísticos fundamentados no louvor ao progresso proferido pela maioria dos representantes do Iluminismo; e, a impossibilidade de separação entre apreciação estética e função social do espetáculo artístico,