Quais são as cinco dimensões propostas por ele?
O significado de lazer como o inverso das obrigações de diferentes naturezas, principalmente das obrigações do trabalho, vem predominando em nosso contexto. Frequentemente, entende-se o lazer como tempo de "não-trabalho", tempo "livre" ou "desocupado"; tempo dedicado à diversão, à recuperação de energias, à fuga das tensões e ao esquecimento dos problemas que permeiam a nossa vida cotidiana.
Constituindo um momento propício para gozar a vida, difunde-se a idéia de que o lazer é capaz de proporcionar tudo aquilo de que somos privados não somente no trabalho, mas em todas as dimensões de nosso viver: o prazer, a liberdade, a alegria, a autonomia, a criatividade e a realização. Contudo, o lazer fracassa juntamente com as nossas insatisfações, pois não representa um fato isolado da dinâmica social mais ampla, refletindo as contradições e as múltiplas formas de alienação e de marginalização presentes em nosso meio.
Nesse sentido, para compreender porque o lazer vem sendo concebido como um tempo oposto ao trabalho, capaz de resolver ou atenuar as mazelas da sociedade, é essencial analisar o seu processo de constituição histórica no mundo ocidental, sempre concebido em função de determinados interesses hegemônicos.
1. O ponto de partida desta história: lazer e trabalho na Antigüidade clássica
As noções de lazer e de trabalho, bem como todo o saber produzido no mundo ocidental, tem suas raízes primeiras na Antigüidade clássica. Esse contexto histórico é marcado pelo apogeu urbano, intelectual e artístico de Atenas, centro para onde convergiam produtos e idéias do mundo inteiro e de onde partiam, em todas as direções, os princípios básicos de todo o conhecimento construído no Ocidente.
Os gregos relacionavam o lazer com o ócio – desprendimento das tarefas servis –, condição propícia à contemplação, à reflexão e à sabedoria. No entanto, apesar de assumir caráter contemplativo e reflexivo, o