Quadragesimo anno
Pio XI - Autor da Encíclica Quadragesimo Anno
Ficou assim conhecida uma encíclica contendo orientações sobre a doutrina social da Igreja. Por ter sido publicada 40 anos depois outra encíclica famosa, a Rerum Novarum, foi-lhe dado este nome (Quadragesimo Anno), e este novo documento pretendia ser a continuação da doutrina lançada quatro décadas antes.
Recentes declarações da Ministra da Educação levam-me a pensar que este exemplo frutificou. Se não, vejamos.
Há quarenta anos deu-se o Maio de 68, acontecimento quase mítico para a minha geração. Desse Maio muitos se curaram, quase todos estão bem instalados na vida, salvo raras e honrosas (apesar de tudo) exceções.
Os franceses, principalmente, apagaram todos os vestígios com a brevidade possível. Ficou o mito (inócuo) de ter havido uma Revolução, esquecendo-se as cenas de rua com o mesmo espírito com que se esqueceu o Terror Vermelho, ficando a Revolução Francesa e seus valores solidamente instalados. De Maio de 68 não terão ficado valores, mas também não tinham sido explicitados; ficou o folklore.
Mas se na terra natal do Maio de 68 tudo ficou reduzido a alguns incidentes, por estas bandas não foi assim. Ainda há ilhas de soixantehuitards, o que não seria grave se não estivessem enquistados em lugares de decisão, não como recuperados, como os seus colegas de além-Pirinéus, mas como irrecuperáveis, à moda de Sartre.
Aqui adapta-se talvez aquela imagem de alguns conterrâneos seus que Eça de Queirós traçou com a sua mordacidade habitual: a dos deslumbrados pelo estrangeiro, em regra pelos aspectos exteriores da sua sociedade, que procuravam servilmente imitar. Esse espírito está magistralmente caracterizado em Dâmaso de Salcede, o anti herói (que nem chega a vilão) que, pelos seus esforços em trazer Paris (ou o que ele entendia por Paris) para Lisboa, fazia rir o melhor dessa Lisboa. Ou, mais resumidamente, a que se dissesse que o Dâmaso é uma besta.
Acontece que em