Q08
CURSO E COLÉGIO
Considere o excerto abaixo, no qual o narrador de A cidade e as serras, de Eça de Queirós, contempla a cidade de Paris.
(...) E por aquela doce tarde de maio eu saí para tomar no terraço um café cor de chapéu-coco, que sabia a fava.
Com o charuto aceso contemplei o Boulevard, àquela hora em toda a pressa e estridor da sua grossa sociabilidade. A densa torrente dos ônibus, calhambeques, carroças, parelhas de luxo, rolava vivamente, com toda uma escura humanidade formigando entre patas e rodas, numa pressa inquieta. Aquele movimento indescontinuado e rude depressa entonteceu este espírito, por cinco quietos anos afeito à quietação das serras imutáveis. Tentava então, puerilmente, repousar nalguma forma imóvel, ônibus que parara, fiacre que estacara num brusco escorregar da pileca; mas logo algum dorso apressado se encafuava pela portinhola da tipoia, ou um cacho de figuras escuras trepava sofregamente para o ônibus – e, rápido, recomeçava o rolar retumbante.
a) No trecho “com toda uma escura humanidade formigando entre patas e rodas”, pode-se reconhecer a marca de qual escola literária? Justifique sucintamente sua resposta. b) Tendo em vista que contemplar significa “fixar o olhar em (alguém, algo ou si mesmo), com encantamento, com admiração” (Dicionário Houaiss) ou “olhar, observar, atenta ou embevecidamente” (Dicionário Aurélio), qual é a experiência vivida pelo narrador, no excerto, e que sentido ela tem no contexto da época em que se passa a história narrada no romance?
Resposta:
CURSO E COLÉGIO
a) No trecho ““com toda uma escura humanidade formigando entre patas e rodas” percebe-se nitidamente a influência da estética naturalista, marcada pelo zoomorfismo utilizado ao descrever a humanidade que “formigava” com suas “patas”.
b) O narrador Zé Fernandes, ao chegar em Paris e estreitar relações com Jacinto, fica admirado e embevecido com a cidade que vivenciava o auge da Belle Époque, com toda a