Psicólogo
SEXUALIDADE NA CONSTITUIÇÃO PSÍQUICA DO SUJEITO:
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS
Heber Eugênio Nunes
INTRODUÇÃO
Freud (1905) em suas investigações da clínica, sobre as causas e funcionamento das neuroses, descobriu que a grande maioria de pensamentos e desejos reprimidos referiam-se aos conflitos de ordem sexual, vivenciados nos primeiros anos de vida dos indivíduos. De acordo com ele, na vida infantil estavam as experiências de caráter traumático, reprimidas, que se configuravam como origem dos sintomas atuais. Confirmava-se, portanto, que esse período de vida deixa marcas profundas na estruturação da personalidade. Dessa forma, as descobertas colocam a sexualidade no centro da vida psíquica, e passa a ser constituído o segundo conceito mais importante da teoria psicanalítica: a sexualidade infantil. Essa afirmação teve profunda repercussão na sociedade puritana da época, que contrariamente tinha a concepção de infância "inocente". (Sílvia Rocha, 2000)
Nos dias atuais o conceito de sexualidade e sua importância no desenvolvimento psíquico do indivíduo, nas diversas fases da vida, são tema de difícil abordagem e compreensão. No senso comum, geralmente, vemos a sexualidade sendo confundida com sexo e promiscuidade. Sua conceituação tem sido alvo de tabus, repressões e distorções, conforme relata Bearzoti (1994): “há algumas distorções que tentam reduzir a sexualidade a sinônimo de genitalidade e de reprodução.” (Pág.1)
No texto “Três ensaios sobre a teoria da sexualidade”, Freud (1905) construiu o processo de desenvolvimento psicossexual. O indivíduo encontra prazer em seu próprio corpo, e isso ocorre já na primeira infância, quando a vida sexual do sujeito está intimamente ligada à sobrevivência. As ”zonas erógenas” que foram abordadas por Freud pré-supõem que em algumas partes do corpo humano há uma erotização, excitações sexuais, que por consequência perpassam por período de