Psicólogo
RESUMO Com esse artigo levanta-se a polêmica discussão entre clínica e reabilitação psicossocial. Pretende-se, por meio dele, estimular o debate em relação à importância da clínica no processo de assistência em saúde mental, principalmente relacionado a portadores de sofrimento mental graves, como psicóticos egressos de longas internações e/ou crônicos, neuróticos renitentes e que trazem riscos para si e/ou terceiros, alcolistas e usuários de substâncias psicoativas. Palavras-chave: Clínica feita por muitos, Reabilitação psicossocial, Direito a desrazão, Cidadania, Ser falante. O direito à desrazão significa poder pensar loucamente, significa poder levar o delírio à praça pública, significa fazer do Acaso um campo de invenção efetiva, significa liberar a subjetividade das amarras da verdade, chame-se ela identidade ou estrutura, significa devolver um direito de cidadania pública ao invisível, ao indizível e até mesmo, por que não, ao impensável (Peter Pal Pelbart).
Introdução Falar de Clínica e Reabilitação não é e nem será, por muito tempo, tarefa fácil. Não só pelo que caracteriza cada uma dessas ações como também pela dificuldade em articulá-las. Mas, quem se propõe a trabalhar com psicóticos, neuróticos graves, alcoolistas e toxicômanos não pode recuar diante de questão tão complexa, mesmo porque são essas ações os pilares da nova maneira de conceituar e lidar com os fenômenos da loucura. Se por um lado a Clínica é uma prática antiga, que nos remete a gregos e árabes da Antigüidade, mesmo que a ciência médica, como nos alerta Foucault (1987), queira atrelar a Clínica a uma certa fundação científica da medicina datada no final do Século XVIII, por outro lado, parece ser a Reabilitação invencionice recente (de pouco mais de 30 anos), que veio com Basaglia e sua crítica ácida à instituição psiquiátrica (BASAGLIA, 1985). Porém, não podemos atribuir, de forma categórica, à Psiquiatria Democrática a