Psico
I - A natureza das sociedades complexas
A sociedade complexa se baseia por uma lado em uma acentuada divisão social do trabalho que dá origem a categorias sociais distinguíveis sejam elas classes sociais, estratos, castas. Por outro lado, a noção de complexidade traz também a idéia de uma heterogeneidade cultural que deve ser entendida como a coexistência, harmoniosas ou não, de uma pluralidade de tradições cujas bases podem ser ocupacionais, étnicas, religiosas, etc. Obviamente existe uma relação entre estas duas dimensões — a divisão social do trabalho e a heterogeneidade cultural. É questão importante a verificar quando e como as diferentes tradições culturais de uma sociedade complexa podem ou devem ter como explicação a divisão social do trabalho. As categorias sociais daí surgidas, quer em termos de sua posição em relação aos meios de produção (por exemplo, proletariado e burguesia), quer em termos estritamente ocupacionais (médicos, carpinteiros, advogados, empregadas domésticas etc.) e que tenham um mínimo de continuidade temporal, tendem a articular suas experiências comuns em torno de certas tradições e valores. O problema é verificar o peso relativo dessa experiência em confronto com outras como a identidade étnica, a origem regional, a crença religiosa e a ideologia política[2].
II - A noção de indivíduo e suas características nas sociedades tradicionais e complexas
É importante estabelecer a distinção entre as sociedades complexas tradicionais e as modernas, industriais. A Revolução Industrial criou um tipo de sociedade cuja complexidade está fundamentalmente ligada a uma acentuada divisão social do trabalho, a um espantoso aumento da produção e do consumo, à articulação de um mercado mundial e a um rápido e violento processo de crescimento urbano. A vida metropolitana, com sua heterogeneidade e variedade de experiências e costumes, contribuiu para a extrema fragmentação e diferenciação de papéis e domínios,