psico
Nesse Seminário Miller situa o inconsciente real a partir da teoria do inconsciente do último ensino de Lacan. De acordo com ele, a teoria do inconsciente elaborada nesse ensino, não se situa a partir da histeria e da história, (assunto que Elisa abordou da última vez) mas antes a partir da psicose, o que significa uma virada no ensino de Lacan. Segundo Miller, é isso que justifica sua busca pelo fundamento do último texto de Outros Escritos, “L’esp d’un laps”, no comentário feito pelo próprio Lacan sobre a alucinação do dedo cortado do Homem dos Lobos (ver: Resposta ao comentário de Jean Hyppolite). Portanto, devemos supor que há algo nessa alucinação que nos ensina sobre o inconsciente real. O Homem dos Lobos faz o seguinte relato a respeito da alucinação:
“Quando eu tinha cinco anos, estava brincando no jardim perto da babá, fazendo cortes com meu canivete na casca de uma das nogueiras que aparecem em meu sonho. De repente, para meu inexprimível terror, notei ter cortado fora o dedo mínimo da mão (direita ou esquerda?), de modo que ele se achava pendurado, preso somente pela pele. Não senti dor, mas um grande medo. Não me atrevi a dizer nada à babá, que se encontrava apenas a alguns passos de distância, mas deixei-me cair sobre o assento mais próximo e lá fiquei sentado, incapaz de dirigir outro olhar ao meu dedo. Por fim, me acalmei, olhei para ele e vi que estava inteiramente ileso”.
É a partir desse relato que, no capítulo 7 de História de uma neurose infantil,2 Freud apresenta de maneira clara e instigante, um paradoxo no que concerne ao reconhecimento da castração por parte do Homem dos Lobos. Por um lado, diz que o Homem dos Lobos nunca reconheceu a castração e,