PSICANÁLISE
O filósofo vai buscar no pecado original as causas desse sentimento. O homem, depois de pecar, ganhou a liberdade, o direito de escolher. Mas TODA ESCOLHA É UMA VIVÊNCIA DE ANGÚSTIA.
Ludwig Wittgenstein, filósofo alemão do século XX, afirmou certa vez que tinha enorme respeito por aqueles que, não se calando, tentavam dizer o que, para ele, não poderia ser dito, porque não haveria condições de dizer (que ele resume em uma conhecida frase: "Aquilo que não pode ser dito, deve calar- se"). Para o filósofo, quem se dedica a isto é como alguém que se atira em um "salto", a fim de expressar um desejo de falar o que estaria para além da linguagem. Com certeza, pensava Wittgenstein, deveria existir "alguma coisa" a qual estes ditos apontavam. Mas, por não existir um modo adequado para dizer, quem o fizesse acabaria por afirmar coisas com pouco ou nenhum sentido. Kierkegaard e Heidegger, por exemplo, seriam deste tipo de pessoa - que "tenta dizer o que não pode ser dito". Ainda segundo Wittgenstein, a angústia faz parte destas "coisas" aparentemente impossíveis de serem ditas e conceituadas com justeza, embora seja incontestável sua existência para qualquer ser humano. É preciso, então, dar este "salto". E ele encontra justeza nas reflexões de Kierkegaard direcionando nossa atenção às suas palavras e intuições sobre a angústia.
Seria a angústia meramente um "sentimento"? Uma espécie de "doença"? Uma inevitável "maldição" sob a qual o ser humano está fadado e que resiste a uma definição precisa? Ou seria tão-somente um "incômodo" que vem e passa? Tentemos esboçar um traço compreensivo sobre como Kierkegaard aborda este afeto humano que tanto assusta como atrai.
Toda vez que nos chega aos ouvidos a palavra angústia é quase inevitável que a associemos a situações que nos deixam ou deixaram angustiados. E essas lembranças, quase sempre, conterão sentimentos e significados de "dor" ou "sofrimento". Apesar de tudo, esse "não sei quê"