Psicanálise Pós Freud
Escolas Francesa, Inglesa e Americana
Os últimos dez anos de vida de Freud foram um período conturbado, não só para a Psicanálise, mas para o que seria a definição da época em que vivemos. Para o historiador Erick Hobsbawn, é nesse período do entre guerras (1919-1938), que se delineariam as matrizes de uma nova forma de Estado e de sociedade, bem como um novo modo de capitalismo. É um período de reflexão e balanço crítico sobre os destinos do projeto moderno. Momento no qual a sociedade de massas depara-se com os efeitos de sua progressiva racionalização, controle e administração dos laços humanos e das formas de produção. Tempo em que a cultura passa a ser pensada e distribuída conforme a organização industrial. Momento em que a noção de indivíduo, como valor e projeto, começa a ser exposta a uma dupla e contraditória exigência. Por uma lado, a individualização é o lugar onde se realizam a expressão e o exercício da liberdade de consciência, diferenciação e autonomia. O indivíduo surge, assim, como um conquistador e soberano da natureza, de seu destino político e de si mesmo. Por outro lado, essa mesma individualização exige adequação, obediência e homogeneização. Essa mesma individualização serve a fins segregatórios. A diferença – sexual, étnica e cultural – passa a ser objeto de estratégias de domesticação e patologização cada vez mais complexas. Ao final, começa a ficar claro, após a I Guerra Mundial, que a razão não é um valor libertador em si mesmo, que a razão pode ser usada para produzir e gerenciar a barbárie, seja a que se verifica no morticínio tecnológico do exercício administrado da violência, seja a que se observa na sociedade de consumo e suas estratégias de dominação e impessoalização. É nesse cenário que a Psicanálise encontra um solo fértil para sua difusão cultural. A queda dos grandes impérios vieram redesenhar os mapas da Europa, suas fronteiras e emergindo assim, novos Estados (Polônia, Tchecoslováquia e