PSICANÁLISE É TRBALHO DE FAZER FALAR E FAZER OUVIR
O sentido da Psicanálise comporta diversas facetas: sua origem, seu fundamento, o trabalho de tratamento da neurose.
Abordar a Psicanálise como trabalho implica entender sua origem como “talking cure” (cura pela fala), sua essência, aquilo que dá sustentação a seus desdobramentos práticos, teóricos e históricos.
O sentido originário e fundamental da Psicanálise como trabalho leva à compreensão de que não há Psicanálise sem análise.
Considerar a Psicanálise como trabalho exige caracterizá-la como: teoria (conjunto de conhecimentos sobre o psiquismo), técnica (procedimentos usados no tratamento) e método (um caminho para a investigação do inconsciente).
1. Psicanálise é trabalho de falar... e ouvir apropriadamente
Sabe-se que, em 1885, Freud estagiou por seis semanas em Paris, com Charcot, médico que tratava as histéricas com hipnose, além de manter um “Laboratório Patológico”, onde Freud fez pesquisas microscópicas de cérebros infantis.
Anos após, Freud recorda-se e conta em “História do Movimento Psicanalítico” um episódio ocorrido num dos saraus oferecidos por Charcot . No sarau, Freud ouve Brouardel narrar a Charcot o caso de um casal do Oriente: a mulher, sofrendo de uma neurose grave e o homem, de impotência. E Charcot fala: Tâchez donc, je vous assure, vous y arriverez. Mais dans de ças pareils c’est toujours la chose génitale, toujours...toujours...toujours! Ou seja, Charcot refere-se à etiologia do caso, como sendo de ordem sexual. E Freud se pergunta, com assombro: “Se ele o sabe, por que nunca o disse?”
Assoun (1993) discute esse episódio para mostrar que a “cena primitiva” é determinante na compreensão da função da sexualidade na determinação da histeria (neurose que se exprime por manifestações corporais, sem que haja qualquer