psicanalise
ANÁLISE COMPORTAMENTAL DO SENTIMENTO DE CULPA1
HÉLIO JOSÉ GUILHARDI2
Instituto de Análise de Comportamento
Instituto de Terapia por Contingências de Reforçamento
Campinas - SP
“A opinião pública é uma tirana débil, se comparada à opinião que temos de nós mesmos”.
(Thoreau)
“Não consigo me divertir durante os feriados, pois fico o tempo todo pensando que deveria estar estudando...”. “Não vejo graça nenhuma nesta festa, pois sei que meu pai está aborrecido comigo por eu ter vindo...”. “Sinto-me bem com a droga, mas depois não consigo nem olhar para minha família...”. “Preciso parar com estas aventuras fora do casamento, só prejudico pessoas que me querem bem...”. “Não vejo a hora de chegar em casa, o trabalho excessivo me impede de ver o crescimento de meus filhos...”. “Só depois penso no que fiz, parece que sou movido por sentimento de culpa!” É tão difícil entender que sentimento não causa comportamento!
As pessoas discriminam estados corporais (produzidos pela sua interação com eventos ambientais), nomeiam esses estados corporais de acordo com nomes de sentimentos aprendidos com sua comunidade verbal e, finalmente, atribuem às palavras assim aprendidas a função de causar comportamentos. Para Skinner (segundo Epstein, 1980, p.25) “Os sentimentos e os estados mentais não são epifenômenos (do comportamento). Quando eu chamo os sentimentos de ‘subprodutos’ de comportamento parece ficar implícito que eles são epifenomenais. Uma expressão melhor é ‘produtos colaterais’. Os sentimentos e os comportamentos são ambos causados por histórias genética e ambiental em conjunto com a situação presente.” (itálicos meus). O próprio
Skinner (1991, p.102) deixa ainda mais claro o papel dos sentimentos, de acordo com o behaviorismo radical, tirando deles qualquer função causal: “Comportamentos perturbados são causados por contingências de reforçamento perturbadoras, não por sentimentos ou estados da mente perturbadores, e nós podemos corrigir a