PSICANALISE ATPS 2
A Psicanálise, como sabemos, nasceu em Viena ao final do século XIX, a partir de um método absolutamente original de exploração da subjetividade humana. Sua criação é frequentemente atribuída a um médico judeu, Sigmund Schlomo Freud, como um método terapêutico de tratamento das neuroses. Esta é, no entanto, uma visão reducionista, já que Freud era muito mais um cientista natural, na tradição de Darwin, ou um observador poético da natureza humana, na tradição de Shakespeare, do que um médico da alma: quando muito, poderíamos considerá-lo um "biólogo da alma" como Sulloway ( em Freud, Biologist of the Mind - Fontana Paperbacks, London).
Apesar de surgida num meio sócio- cultural específico, a Viena Fin de Siècle, a Psicanálise desde os seus primórdios causou grande impacto devido à sua ousadia em tentar compreender os mistérios da alma humana, através de um método de investigação que essencialmente, busca recriar seus conflitos básicos no interior de uma relação íntima continuada com o psicanalista. Por isso, ela adquiriu precocemente uma universalidade, expandindo-se não só por diversos campos do conhecimento, mas também na direção de outros meios culturais. Isto foi facilitado pela fundação em 1910 por Freud e Ferenczi da Associação Psicanalítica Internacional (IPA) a qual passou a organizar congressos internacionais a cada dois anos, editou várias revistas até a consolidação do International Journal of Psychoanalysis fundado em 1920 por Ernest Jones e disciplinou a formação psicanalítica que, a partir de 1920, passou a realizar-se segundo um modelo tripartite de análise pessoal, seminários e supervisões.
No Brasil, a Psicanálise aportou pelas mãos do psiquiatra baiano Juliano Moreira, fundador da moderna psiquiatria brasileira ao redor de 1912, secundado por outros pioneiros como Arthur Ramos, Júlio Porto-Carrero e Francisco Franco da Rocha o qual, em 1920, publicou um dos primeiros livros de divulgação da doutrina freudiana