Projecto de pesquisa cienti
João de Fernandes Teixeira
A primeira questão colocada pela filosofia da mente é a seguinte: serão mente e corpo a mesma coisa? Será o pensamento apenas um produto do meu cérebro — que produziria pensamentos da mesma forma que o meu pâncreas produz insulina? Qual é a natureza dos fenómenos mentais?
Essa não é apenas uma primeira questão numa ordem de indagações. Trata-se da pergunta mais importante a ser respondida pela filosofia da mente — o problema fundamental que dá origem a quase todos os temas tratados por essa disciplina.
Eu posso fechar meus olhos e, numa fracção de segundos, pensar em estrelas coloridas cintilando num céu azul-escuro. Estrelas que nem sequer sei se existem, e que talvez estejam a muitos anos-luz de distância. Eu posso imaginar uma vaca amarela ou então dizer que estou a sentir muito calor. Entretanto, se alguém pudesse abrir o meu cérebro e examiná-lo com o mais aperfeiçoado instrumento de observação de que a ciência dispõe, não veria estrelas coloridas nem uma vaca amarela. Veria apenas uma massa cinzenta, cheia de células ligadas entre si.
Essas células são chamadas neurónios, verdadeiras unidades do sistema nervoso cuja existência foi finalmente provada somente há cerca de um século com o trabalho de S. Ramón y Cajal. Até então muitos achavam que o sistema nervoso era um conjunto de vias contínuas, subdivididas em minúsculos filamentos. Os neurónios têm diversas formas e tamanhos, tendo, todos, entretanto, uma região destinada a fazer contacto com outros neurónios, os chamados dendritos. O corpo da célula, o soma, contém um núcleo e outras estruturas, como os mitocôndrias, que participam dos aspectos metabólicos da actividade dos neurónios. Há também uma outra conexão de um neurónio com outros, mais longa e através da qual se movimenta o impulso nervoso. Essa conexão é chamada axónio. Cada região do neurónio revela propriedades eléctricas, mas os impulsos geralmente ocorrem, na maioria das vezes, no axónio.
Desde o