Produção capitalista da casa
Ermínia Maricato
O livro consiste em uma análise sóbria, fria e realista da condição da industria da construção, do problema da habitação popular, da influência do mercado imobiliário em toda essa problemática e também da ineficácia das políticas habitacionais ao longo dos governos brasileiros. Em palavras escritas no próprio livro: “O pobre não tem lugar na cidade capitalista”. Essa frase descreve quão errôneas são as políticas habitacionais empregadas, tudo o que é feito pelo banco nacional de habitação acaba não atingido a quem deveria atingir. A idéia que se tem é a de que se resolve o problema simplesmente investindo em habitação popular, o que acontece é que quem precisa dela acaba não podendo pagar por ela, mesmo com todos os incentivos fiscais e financiamentos do governo, por que a política não cuida desse outro lado da moeda, quem precisa de moradia, também precisa de emprego, e o governo não consegue ver que a construção pode ser esse gerador, para eles a indústria da construção é secundária e não gera desenvolvimento, preferem apostar nas industrias do consumo, que geram um resultado mais rápido, porém muito mais frágil que o resultado do fomento da industria da construção geraria, seria um desenvolvimento embasado dentro da própria sociedade e não voltada para a satisfação dos voláteis mercados externos. Outra crítica feita é a falta de controle que o governo tem no mercado imobiliário. Ele cita um exemplo bem simples, uma região pobre que recebe grandes investimentos em infra-estrutura tem o valor de seus lotes aumentados e em conseqüência disso, aquele morador que precisava daquela melhoria irá se mudar para outra área mais pobre, levando consigo um valor pago pelo mercado imobiliário, muito menor do que o que ele praticará na revenda desses lotes. O abandono das áreas centrais é outro tema do livro, os ricos buscam se isolar do resto da comunidade em bairros de qualidade