Primeira Guerra Mundial
“Quantas vezes desde há dois anos não ouvimos repetir: ‘Antes a guerra que esta perpétua espera!’ Neste voto, não há qualquer amargura, mas uma secreta esperança. A guerra! De repente a palavra ganhou prestígio. É uma palavra jovem, toda nova, embonecada dessa sedução que faz reviver o coração dos homens. Os jovens dão-lhe toda a beleza de que estão plenos e de que a vida cotidiana os priva. A guerra é sobretudo para seus olhos a ocasião das mais belas virtudes humanas. Lede esta passagem de uma carta que nos escrevia uma jovem estudante de retórica de origem alsaciana. ‘A existência que aqui temos não nos satisfaz completamente, porque embora possuamos todos os elementos de uma bela vida, não podemos organizá-los numa ação prática, imediata, que nos dominaria o corpo e a alma e nos lançaria fora de nós mesmos. Esta ação, há um único acontecimento que a pode permitir: a guerra. É por isso que a desejamos’.”
(BONNARD, ABEL. Jornal Le Figaro, 1912. In: JAURÉS, Jean. As causas da Primeira Guerra Mundial. Lisboa, Estampa, 1974. P. 63-4)
O texto acima fazia parte de uma pesquisa sob o título “Os jovens de hoje” e tinha por finalidade mostrar aos franceses que os jovens desejavam a guerra. O jornal Le Figaro orientava seu inquérito criando um clima favorável ao conflito que se aproximava. Em 1914, a população mundial era de aproximadamente 1 bilhão e 800 milhões de habitantes. Cerca de um quarto desse número vivia na Europa e mais da metade na Ásia. Assim, o centro de gravidade mundial estava na Eurásia, palco do que seria a Primeira Guerra Mundial.
(MELLO, Leonel I. A. e COSTA, Luis C. A. História Moderna e Contemporânea, Ed. Scipione, 1993. P.