Primavera Arabe
Médio
A oposição faz uma demonstração de força no Egito dois anos depois da revolução
David Alandete
Do EL País
JERUSALÉM — Depois de dois anos de revolução, nada parece certo no Oriente Médio. Os levantes populares que começaram em dezembro de 2010 derrubaram governos autoritários na Tunísia, Iêmen, Líbia e no Egito, que na sexta-feira comemorou, de forma convulsionada, o segundo aniversário de sua própria revolução. Mas outros regimes ainda aguentam golpes mais fortes, como a Síria, ou mais leves, como a Jordânia. Nos países onde a revolução triunfou, inicialmente, as forças islamistas e seculares lutam entre si para impor noções de democracia diferentes e por vezes conflitantes.
A queda de Zine el Abidine Ben Ali, na Tunísia e de Hosni Mubarak, no Egito, em apenas dois meses pulverizou a ideia preconcebida, arraigada em anos de história, de que os países árabes estavam condenados a ser governados por regimes autoritários. Os fatos encorajaram muitos oponentes, e abriram a porta para novos governos e também para um novo equilíbrio, ainda cambaleante mesmo dois anos depois do nascimento da
Primavera Árabe. O ocidente se viu dividido entre o desejo de manter a estabilidade na zona, conseguida a base de concessões com aliados autoritários, e a necessidade de apoiar o desejo do povo por democracia.
- Hoje, há um retraimento das potências ocidentais, porque os novos governos estão tentando construir novos sistemas, e esse é um processo complicado e demorado - diz Maryam Abolfazli, diretora do programa para o
Oriente Médio e Norte da África da Fundação Eurásia. - Os EUA e a Europa não têm muitos líderes que possam ser interlocutores atualmente, não têm peso e influência sobre um processo que se decide localmente. Daí a frustração por parte de algumas potências ocidentais que esperavam um progresso mais rápido.
O Egito é um exemplo do efeito complexo libertador da Primavera Árabe.