Pressupostos Da Modernidade
Ao compreendermos que as intervenções no espaço urbano possuem um marco histórico singular, qual seja, a configuração da cidade capitalista industrial moderna no século XIX – que passa a unificar circulação, produção e consumo num mesmo espaço, em oposição à cidade feudal medieval, onde a produção era realizada no campo, e o consumo, intra-muros – cabe-nos abordar o período da Modernidade correspondente ao nascimento e ascensão do capitalismo industrial, a partir do século XVIII, pautado na ciência, na racionalidade e no progresso, a fim de subsidiar a discussão sobre a contemporaneidade.
Citando Habermas, Harvey (1992) assinala que este momento marca o início do “projeto” da Modernidade, originado com os pensadores do Iluminismo e suas premissas: a ciência objetiva, moralidade e leis universais, bem como a arte autônoma, para que o acúmulo de conhecimento e o trabalho livre e criativo conduzissem à emancipação humana. Assim, pretendia-se que as qualidades universais, eternas e imutáveis da humanidade, fossem reveladas. Tratava-se, pois, de uma visão extremamente otimista desta nova época, que pregava a igualdade, a liberdade e a fé na inteligência humana e na razão universal. No entanto, o autor em questão reconhece que o século XX, com suas Guerras e a exacerbação da miséria no planeta, desmistificou tal otimismo.
De volta aos fundamentos iluministas, Harvey (1992) questiona sobre quem seriam os culpados pelos defeitos da razão originada – alardeados por muitos autores – ou se o erro não estaria sobre a incorreta aplicação da mesma. Nestes termos, uma questão se impõe: a apropriação que foi realizada desses princípios e os que foram esquecidos intencionalmente, não poderiam responder aos fracassos da Modernidade, ao final no século XX?
Certamente podemos identificar contradições intrínsecas à origem da Modernidade, tal como a relação entre os meios e os fins, a legitimidade de qual razão