PR SOCRATICOS FISICOS E SOFISTAS
1.
Sábios. Filósofos. Físicos. Sofistas
Entre todos os povos aparecem homens que se notabilizam por seu saber. Os gregos já tinham a memória de vários sábios ilustres quando, no século VI a.C., começaram a aparecer, nas colônias gregas da Jônia (Ásia Menor), os primeiros sábios de um tipo que a tradição posterior chamou filósofos. Eles não foram, provavelmente, vistos por seus contemporâneos como sendo essencialmente diferentes de outros sábios. Eram homens de grande saber, teórico e prático, aos quais foram atribuídos feitos notáveis, como prever eclipses, medir a distância de navios no mar (Tales), traçar mapas da Terra, construir relógios de sol (Anaximandro). Alguns desses feitos dependeram de conhecimentos astronômicos e matemáticos adquiridos provavelmente junto a sábios babilônios e egípcios. Não é por conta disso, pois, que esses primeiros filósofos se distinguiram de outros sábios.
Sua originalidade começa a aparecer melhor quando se consideram suas explicações sobre fenômenos naturais como a chuva, o raio, o trovão; suas descrições do cosmo; suas explicações sobre a origem mesma do universo. É na comparação dessas suas explicações sobre o mundo natural com aquelas dadas pelos mitos e pelas crenças populares que nos damos conta da emergência de algo novo: o uso da especulação racional na tentativa de compreender a realidade que se manifesta aos homens.
Durante todo o século VI, foi sobre a physis, o mundo natural, que se exerceu sobretudo a especulação racional dos gregos. A filosofia nasceu como física, e os primeiros filósofos foram, acertadamente, também chamados físicos.
Mas note-se que, apesar de nossa palavra física provir de physis, a realidade que os gregos chamaram por esse nome não corresponde exatamente àquela que é objeto da física atual. Os gregos não apreenderam a physis, por exemplo, num contraste com o biológico ou mesmo com o psíquico. Ao contrário. Physis vem de phyein (emergir, nascer, crescer, fazer