PPE V32 N01 Abertura
9245 palavras
37 páginas
ABERTURA COMERCIAL E DISPARIDADE DE RENDA ENTREPAÍSES: UMA ANÁLISE EMPÍRICA*
Ana Cristina de Souza Pedroso
Da Diretoria de Estudos Macroeconômicos do IPEA
O trabalho investiga a relação entre abertura comercial e renda para um grupo de países, utilizando uma análise em painel. Inicialmente são discutidos o significado de abertura e a correlação entre as diferentes proxies tanto ao longo do tempo quanto para um dado instante de tempo. As estimações compreendem o período 1960-1985 e são utilizadas variáveis instrumentais para lidar com o problema de simultaneidade entre renda e abertura comercial. Os resultados gerados pela pesquisa mostram a pouca relevância da abertura comercial para explicar a disparidade de renda entre os países, reforçando a questão de que a conexão entre a abertura comercial e o crescimento econômico ainda não está clara do ponto de vista empírico.
1 INTRODUÇÃO
A motivação para este trabalho é tentar responder a uma questão bastante controversa: os países com menores barreiras ao comércio internacional alcançam maior progresso econômico? A despeito de instituições multilaterais, como o Fundo
Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial, recomendarem políticas de abertura ao exterior, tal assertiva não está firmemente assentada sobre os princípios da economia positiva. Do ponto de vista teórico, existem modelos que estabelecem uma relação, tanto positiva quanto negativa, da abertura comercial com crescimento econômico.1 Do ponto de vista empírico, existe uma profusão de estudos que “comprovam” o impacto benéfico da abertura comercial sobre taxas de crescimento da renda. No entanto, tais estudos não podem estabelecer um conjunto coerente de resultados, pois, de um lado, divergem quanto à base de dados e técnicas econométricas utilizadas, além de apresentarem falhas metodológicas recentemente enfatizadas pela literatura. De outro, poucos são os estudos econométricos que estimam o impacto da abertura comercial sobre a disparidade de rendas.