Post-scriptum
Sobre as sociedades de controle
Histórico O indivíduo não para de passar de um espaço fechado a outro, cada um com suas leis: primeiro a família, depois a escola, depois a caserna, depois a fábrica, de vez em quando o hospital e eventualmente a prisão, que é o meio de confinamento por excelência. Assim são as sociedades disciplinares, que hoje estão sendo substituídas pelas sociedades de controle. Onde os ministros competentes não param de fazer reformas necessárias, como nas escolas, indústrias, hospitais, exército e prisões.
Lógica Nos dias de hoje, o indivíduo passa por vários meios de confinamento, como por exemplo, uma crise no hospital. Esses diferentes meios de confinamento são variáveis independentes, eles são moldes, distintas moldagens, mas os controles são uma modulação, como uma peneira cujas malhas mudassem de um ponto a outro. Um bom exemplo seria a questão dos salários: impõe-se uma modulação para cada salário, um salário por “mérito”.
As sociedades disciplinares têm dois pólos: a assinatura que indica o indivíduo e o número de matrícula que indica sua posição numa massa. O homem era um produtor descontínuo de energia. As antigas sociedades de soberania manejavam máquinas simples, alavancas, roldanas, relógios; mas as sociedades disciplinares mais recentes tinham como equipamento máquinas energéticas, com o perigo passivo da entropia, e o ativo da sabotagem. Já nas sociedades de controle, ao contrário, o essencial não é mais uma assinatura e nem um número, mas uma cifra que é sua senha, ao passo que as sociedades disciplinares são reguladas por palavras de ordem. Marcam o acesso à informação, ou a rejeição. Os indivíduos tornaram-se divisíveis e as massas amostras, dados, mercados ou “bancos”. O homem do controle é antes ondulatório, funcionando em órbita, num feixe contínuo. Seu equipamento são máquinas de informática e computadores, cujo perigo passivo é a interferência e o ativo a pirataria e os vírus.