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2. A VIDA OPERÁRIA
A vida dos operários não é substanciada somente por suas relações sociais, mas também pela sua condição de vida. Estes moram em bairros específicos localizados em áreas desvalorizadas como os vales em São Paulo ou os morros no Rio de Janeiro. No caso da capital paulistana, “o baixo preço dos terrenos e a proximidade das estações ferroviárias atraíam para o Brás, o Bom Retiro, a Mooca, as novas indústrias e muitos dos imigrantes recém-chegados.”3
As condições de moradia representavam “o maior ultraje às leis e posturas municipais”, as pessoas se estabeleciam em qualquer prédio velho na mais absoluta deficiência de higiene,
A formação de vilas construídas pelas indústrias era comum. Podiam ser usadas como forma de pressão ou instrumento de força contra greves.
Fixavam-se à volta das fábricas, famílias operárias, principalmente, nas indústrias de tecidos que se localizavam próximas às linhas férreas, que era o único meio de transporte de mercadoria.
O loteamento e a construção de casas modestas nesses locais eram um negócio altamente lucrativo.
Os industriais procuraram fixar-se em regiões com alta concentração de operários ou instalar tais vilas operárias próximas às fábricas. Algumas vilas eram enaltecidas por suas qualidades
Outro exemplo foi a famosa vila operária conhecida como Maria Zélia integrada à fábricas têxteis e concebida pelo arquiteto francês Pedarrieux. A vila constituía uma cidadela operária fechada com escola, igreja, creche, clube, campo esportivo, etc.
Nesse espaço, a vida dos operários fora da fábrica deveria passar pela disciplina e ordem do trabalho através do controle social.9
As vilas operárias tinham um caráter comum, ou seja, sua ligação com a indústria num relacionamento entre capital e trabalho. De fato, como prolongamento da fábrica, serviram de “função normativa e disciplinar sobre o comportamento operário no domínio privado e cotidiano fora da esfera de produção.”10 Auxiliando esse processo