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Guimarães Rosa: a linguagem reinventada
João Guimarães Rosa é uma das principais expressões da prosa ficcional brasileira. Estreou em
1946 com o lançamento de sagarana. De cunho regionalista, a obra surpreendeu a crítica, em virtude de sua originalidade e de suas técnicas narrativas, que apontavam uma mudança substancial na velha tradição regionalista, que já tinha contado com José de Alencar, Visconde de Taunay e Euclides da Cunha, entre outros.
A novidade lingüística trazida pelo regionalismo de Rosa foi a de recriar, na literatura, a falsaa do sertanejo não apenas no plano do vocabulário, como outros autores tinham feito, mas também no sintaxe ( a construção das frases ) e no da melodia da frase. Dando voz ao homem do sertão por meio de técnicas como o foco narrativo em 1ª pessoa, o discurso direto, o discurso indireto, o monólogo interior, a língua falada no sertão esta presente em toda obra , resultado de muitos anos de observações, anotações e pesquisa lingüística.
Contudo, a linguagem do escritor não tem a intenção de retratar realisticamente a língua do sertão mineiro. Ela vai além: tomando por base a língua regional, Guimarães recria a própria língua portuguesa, por meio do aproveitamento de termos em desuso, da criação de neologismos, do emprego de palavras tomadas de empréstimo a outras línguas e da exploração de novas estruturas sintáticas.
Além disso, sua narrativa faz uso de recursos mais comuns à poesia, tais como o ritmo as aliterações, as metáforas e as imagens, obtendo, assim, uma prosa altamente poética, no limite entre a poesia e a prosa.
Outro aspecto de destaque da obra Roseana é sua capacidade de transpor os limites de espaço regional, em que quase sempre se situam seus textos, e alcançar uma dimensão universal.
Em Grande sertão, o narrador Riobaldo afirma: “o sertão é o mundo”. E é com base nesse pressuposto que a narrativa Roseana vai nos envolvendo, como se também fôssemos sertanejos e jagunços e fizéssemos