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VIDA: Gregório de Matos Guerra nasceu na Bahia, filho de família abastada e poderosa, de fortes raízes em Portugal. Fez seus primeiros estudos no colégio jesuítico da Bahia. Com dezesseis anos, ingressou na Universidade de Coimbra, onde viria a se formar em Direito. No ano de 1663, tornou-se juiz, sendo nomeado para um lugarejo do interior português. Em seguida, tornou-se juiz em Lisboa, casando-se com a filha de um importante magistrado e da qual enviuvou em 1678. Retornaria ao Brasil já com quarenta e seis anos, recebendo a tonsura (ordens eclesiásticas menores) e assim virando padre. Dois anos depois foi destituído da condição clerical por levar uma "vida sem modo de cristão".
Ainda na década de 80, casou-se outra vez, com Maria de Póvoas. Logo foi denunciado ao tribunal da Inquisição por comportamento escandaloso e por causa das sátiras. O prestígio de sua família impediu-o de ser condenado, mas em 1694, com sessenta e um anos, por seus poemas ferinos que atingiam a tudo e a todos (chamava os habitantes da Bahia de "canalha infernal"), foi desterrado para Angola. De lá pode retornar, no ano seguinte, com a condição de morar no Recife e não mais na cidade da Bahia. Nesse mesmo ano - 1695 - veio a morrer de uma malária contraída na África. Seus poemas ficaram dispersos e continuaram circulando em folhas soltas e na tradição oral, sofrendo alterações impossíveis de serem identificadas com precisão até hoje.
Gregório de Matos deixou uma obra poética vasta, desigual e, muitas vezes, de duvidosa autoria. Afrânio Peixoto fez uma edição crítica de seus poemas, mas não conseguiu recolher uma série deles, dispersos em bibliotecas ou conservados pela tradição popular. Muitos dos versos atribuídos ao poeta baiano certamente foram escritos por autores anônimos, assim como um sem número de textos criados pelo "Boca do Inferno" - alcunha pela qual era conhecido - perderam-se para sempre.
Com os poemas disponíveis, podemos apontar