Portugues
O caminho teórico após os anos 80, aquele assumido pelos PCN é que a linguagem existe na escola porque existe fora dela. Não é propriamente um conteúdo escolar. É uma forma de ação interindividual orientada por uma finalidade específica, um processo de interlocução que se realiza nas práticas sociais existentes nos diferentes grupos de uma sociedade, nos distintos momentos em sua história.
Numa crítica ao ensino de língua portuguesa que carrega tradicionalmente uma excessiva escolarização e uma artificialidade nas atividades propostas de leitura e de escrita, o PCN parte do pressuposto que a língua se realiza no uso das práticas sociais, no espaço em que os homens (em diferentes momentos, lugares e contextos) se apropriam dos seus conhecimentos através da ação com e sobre eles, tal como estão postos no mundo, em situações de uso de fato.
Assim é que o homem utiliza a língua tanto oral quanto escrita dentro de uma concreta e determinada situação comunicativa, com condições e finalidades específicas, produz discurso que significa dizer alguma coisa a alguém, de uma determinada forma, num determinado contexto histórico e em determinadas circunstâncias de interlocução.
Não falamos, nem escrevemos com palavras e frases soltas. Expressamos, comunicamos, estabelecemos relações interpessoais e agimos sobre a linguagem através de textos, enquanto produtos de práticas sociais orais e escritas. Uma palavra dita só é entendida dentro de um contexto de uma conversa, de um diálogo, por exemplo, entre pessoas. A expressão fogo produz sentidos para aquele que a lê porque o leitor a contextualiza em uma determinada situação composta por uma finalidade específica e conhecida/compartilhada pelos usuários da língua de uma determinada comunidade.
Assim é que ao desejarmos dizer algo para alguém, o fazemos dentro de um determinado gênero disponível na cultura, caracterizado por três elementos: